quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Náutico encara terceira decisão nacional

Depois de 1967 (Taça Brasil) e 1988 (Segunda Divisão) agora o Timbu decide a Série C


Por Newton Pinheiro
Historiador e pesquisador


Após duas classificações históricas, Náutico chega embalado para decidir o título da Série C 2019. Foto: José Gomes Neto/CTN


Algumas semifinais, Palmeiras... Internacional de Limeira/SP no fim do caminho... e agora o Sampaio Corrêa. Enfim, finalmente gritaremos um título brasileiro?


Costumeiro semifinalista na década de 1960 em cinco edições do Campeonato Brasileiro, ainda nos moldes “Taça Brasil”, o Náutico bem que tentou. Nos nossos tradicionalíssimos 118 anos, nunca um tempo foi tão promissor para que estampatássemos aos quatro cantos do Brasil um título brasileiro.

A cobiçada taça de campeão brasileiro tem que ir para a nossa sala de troféus. Assim espero! Foto: Lucas Figueiredo/CBF


Para as novas gerações um aviso: times? Isso não foi o problema. Era o que mais tínhamos. E na garupa da nossa mais gloriosa e produtiva década, estrutura, organização, prestígio, respeito, combustível financeiro, “modus operandi” e títulos não faltavam. Até tricampeões do Norte e Nordeste (1965/1966/1967) fomos. 


Faltava um título brasileiro, porém. Até hoje falta. E oportunidades tivemos aos borbotões. Mas sempre ficamos à moda do “quase lá”.

Em 1961, nas semifinais, parou no Bahia que foi à final contra o poderoso Santos, que eliminara o excelente time do America/RJ, campeão do Rio de Janeiro no ano anterior. 

Com uma ausência de três anos, eis que em 1965 o Náutico voltava a figurar numa semifinal de Taça Brasil, hoje reconhecida e unificada como o Campeonato Brasileiro da época, juntamente com Vasco da Gama, Santos e Palmeiras. 


As semifinais reuniam Vasco x Náutico de um lado e Palmeiras x Santos do outro. Fomos eliminados da final contra o Santos depois de um 2 x 2 nos Aflitos e derrota de 1 x 0 no Rio de Janeiro, jogo inclusive histórico para o futebol do Nordeste, porque foi o primeiro de uma equipe da Região no imponente Maracanã.


Chegou 1966 e mais uma vez estávamos nas semifinais (Náutico x Santos, Cruzeiro x Fluminense). E o título mais uma vez ficou no meio do caminho. Foi naquele ano que de forma consagradora batemos o Santos com Pelé e cia, no Pacaembu, por 5 x 3. 


Na partida anterior os sudestinos haviam vencido por 2 x 0 no Recife. A extra para decidir quem iria à final de 1966, contra o emergente Cruzeiro, também fora no Pacaembu, mas dessa vez o melhor time do Santos não deixou escapar a chance de prosseguir na luta do seu hexacampeonato brasileiro (havia sido campeão entre 1961 a 1965), e meteu categóricos 4 x 1 no excelente time do Náutico.


Já em 1967, o nosso ápice: conseguimos ir à final contra o Palmeiras, depois de eliminarmos, nas quartas de final, o Atlético/MG. Nosso adversário era o então campeão brasileiro de 1966, o esquadrão do Cruzeiro. Os matamos com derrota de 2 x 1 no Mineirão, com um acachapante 3 x 0 no Recife e na extra, um 0 x 0 também no Recife. As finais foram eletrizantes. 


Mas não o suficiente para que conseguíssemos enfim, o nosso primeiro título brasileiro. O Palmeiras meteu 3 x 1 na Ilha do Retiro (maior estádio da cidade na época) e, surpreendentemente, viu o Timbu fazer 2 x 1 no Pacaembu, quando todos davam a certeza da taça ser decidida já em São Paulo. 




Foram a uma extra, campo neutro, e naquela noite que caía dilúvio, no Maracanã, o time de Ademir da Guia venceu por 2 x 0. Título para os paulistas, Náutico no lucro: de carona, o direito a ir a uma Libertadores da América. Antes, no Nordeste, somente o Bahia havia alcançado tal feito.


Vinte e dois anos depois, em fevereiro de 1989, uma nova chance de ser campeão brasileiro. A decisão da Série B 1988 (2ª Divisão). E mais um paulista no meio do caminho: o badalado time da Internacional, da cidade de Limeira. Perdemos de 2 x 1 e já um ano depois estávamos com mais uma oportunidade de tascar a taça. 


Na Copa do Brasil 1990, nas semifinais, enfrentamos o que viria a ser o campeão daquela edição, o fabuloso time do Flamengo. Perdemos de 3 x 0 no Maracanã e empatamos em 2 x 2 nos Aflitos. Mais uma vez o sonho ficara no meio do caminho.




Vieram os quadrangulares decisivos das Séries B 1996 e 1997 e também ficamos chupando dedos. Em ambas as edições terminamos em 3º. lugar.





Em 1998 caímos para a Série C 1999. O que se viu no ano seguinte, foi uma campanha arrepiante, melhor time da primeira e segunda fases, chegou ao quadrangular final com ares de favorito a uma das duas vagas de acesso à Série B 2000, junto com o Fluminense. Mas o que tivemos foi uma pífia e incrédula campanha, terminando em  4o lugar, atrás do campeão Fluminense, São Raimundo/AM e Serra/ES.




Sem haver disputa de partidas eliminatórias, o Náutico esteve perto de ser o primeiro no sistema de pontos corridos, anos depois, em 2006 e 2011. Em 2006, ficou novamente em terceiro, atrás de Atlético/MG (o campeão) e Sport. Era a Série B, um ano depois da “trágica” edição de 2005.


Veio 2011 e, também na Série B, o time do treinador Waldemar Lemos, com uma campanha excelente em casa, não fez o mesmo atuando fora do estado, e viu a disparada Portuguesa ser o único clube à sua frente, campeã com antecipação na edição de 2011. E mais uma vez ficamos com o vice-campeonato.




Oito anos se passaram e, mais uma vez, estamos próximos de ficar em primeiro lugar numa competição de âmbito nacional, em uma das divisões do Campeonato Brasileiro. 


O adversário agora é o Sampaio Corrêa, já detentor de uma Série B (1972), uma Série C (1997) e uma Série D (2012). Este ano já os enfrentamos em três oportunidades, e em todas as ocasiões os vencemos. No Nordestão (2 x 1) e duas vezes por essa mesma Série C, em sua primeira fase (2 x 0 em São Luís e 2 x 1 nos Aflitos).




Queiram os deuses do futebol que desta vez finalmente consigamos nosso primeiro título nacional. E será eterno, pois nossa primeira vez a gente não esquece.


Saudações alvirrubras!

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Náutico na final em busca de título inédito

Time alvirrubro ainda não conquistou um troféu nacional. Chegou a hora, nação Timbu!




O Náutico está classificado para a final da Série C. Mais uma vez, o Timbu avançou de fase conquistando a vaga na disputa dos pênaltis. 

Desta vez houve vitória no tempo normal por 2 a 1 ante o Juventude (mesmo placar do jogo da ida, em Caxias-RS), e drama nas cobranças de pênaltis na semifinal. 

O goleiro Jefferson garantiu mais uma defesa importante, enquanto o atacante Álvaro, autor dos gols da vitória nos 90 minutos, escorregou na hora do seu tiro livre direto da marca do pênalti e isolou a bola.

Sem problema, o “adversário solidário” desperdiçou a chance de igualar a disputa e também perdeu a sua oportunidade. 

Melhor para o meia Matheus Carvalho, que mais uma vez, converteu o pênalti que assegurou a vaga do Náutico na disputa do título da Terceira Divisão nacional. Vale destacar que coube a ele converter o pênalti do acesso à Série B 2020.



A valorização da brilhante campanha de reviravolta do Náutico nesta competição teve sim a participação direta da torcida alvirrubra. Vibrante e presente, ela fez o seu papel de 12º jogador ao longo dos 11 jogos no Estádio dos Aflitos.

No próximo domingo (29), o Náutico fará o seu 12º jogo como mandante da Série C e encerra a temporada com o acesso garantido - principal objetivo traçado, divulgado e conquistado em 2019.





Porém, será de fundamental importância para o Náutico e à sua vibrante e apaixonada torcida, encerrar a temporada erguendo o troféu de campeão brasileiro. Mesmo que seja da Série C. E longe dos Aflitos.

Afinal de contas, o Náutico ainda não ostenta tal conquista. E um título nacional é sempre muito bem-vindo. 

Então, agora é rumo ao título, NÁUTICO!!!

Fotos e vídeo: José Gomes Neto/CTN

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Trinta anos depois, Náutico se reencontra com polêmica em novo acesso


Em 1988, o acesso da Série B para a A também teve tapetão no meio do caminho. Mas assim como este ano, o Timbu garantiu a vaga em campo

Por Newton Pinheiro
Historiador/pesquisador
  
Novamente dentro das quatro linhas, Náutico está de volta à Série B do campeonato nacional. Foto: José Gomes Neto/CTN


Há redondos trinta anos, em 1989, o Náutico, na Série B do Brasileirão, se envolvia em acesso também conturbado e que seria contestado no “tapetão”.

Historicamente, esse nosso último confronto contra o Paysandu é nosso segundo acesso entre divisões do futebol brasileiro, com bastante polêmica. O primeiro foi na Série B de 1988, quando "o Paysandu da vez era a Ponte Preta."

O campeonato fora decidido em fevereiro de 1989 mas se referia ainda ao do ano anterior.

Confira matéria no link:

O certame de então era composto de fases desde o seu início. Os favoritos eram Ponte Preta, Náutico, Internacional de Limeira, interior de São Paulo, o Ceará e o Americano, de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Naquele campeonato, assim como na Primeira Divisão, nomeada de Copa União 1988, o regulamento era idem, pra lá de controverso. Beirando ao ridículo, diria. O vencedor de cada partida no tempo normal ganhava três pontos. O empate levava a uma decisão de penalidades com o vencedor levando dois pontos e o perdedor um.

Naqueles anos apenas os dois primeiros da Segunda Divisão se classificavam para a Primeira do ano seguinte.

A última fase da então Série B de 1988, o quadrangular final, teve quatro de seus favoritos iniciais: o Americano/RJ, Internacional/SP, Náutico/PE e a Ponte Preta/SP.

Na última rodada do quadrangular decisivo, a Internacional já tendo garantido o acesso, jogava contra o Americano. A outra vaga seria decidida entre Ponte Preta e Náutico, jogo marcado para Campinas. Os sudestinos da macaca, chegavam à última rodada com 10 pontos contra 9 do Náutico. Assim, os pernambucanos precisavam vencer no tempo normal (levava 3 pontos) ou nos pênaltis (2 pontos) para eliminar a Ponte Preta na decisão da última vaga. Ao término da última rodada, os dois primeiros ainda iriam para uma partida única e decisiva para o título da competição, na casa do de melhor campanha (já definido para Limeira).

No dia da partida, uma notícia estourava nas manchetes: A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acabara de punir a Ponte Preta por conta de distúrbios de invasão de campo de sua torcida, em jogo anterior, e a partida mudaria seu destino para a próxima Mogi Mirim, há cerca de pouco mais de uma hora de carro, de distância. Sob protestos, a Macaca entrou em campo no estádio Vail Chaves e abriu a contagem logo aos 23 minutos do 1º tempo. A torcida pontepretana fazia a maior festa.

Se inicia o 2º tempo e o Náutico começava a jogar melhor. Até que aos 29 minutos, o zagueiro Barros empatava a partida, que seguiria assim até o seu final. Só que os sudestinos não aceitavam que a decisão fosse definida pelas cobranças de pênaltis. Para eles, isso só valeria para a contagem de pontos sem que valesse decisões diretas de vagas, já que o regulamento não era claro. 

Quando terminou a partida, 1 x 1, os jogadores da macaca se abraçavam e sua torcida fazia a maior festa. Para eles, as cobranças dos pênaltis que viriam a seguir, eram só um pró-forma, ritual, já que o campeonato inteiro foi assim. Pelo lado dos pernambucanos, a certeza de que se vencessem nas cobranças, levariam a vaga e à decisão do título contra a Internacional. 

Assim que o árbitro apitou o fim da peleja, a Ponte Preta fez pouco caso. Comemorou e foi bater os pênaltis relaxada, crente que já havia se garantido. Eis que o velho e lendário timbu se agigantou e nos tiros livres diretos a venceu por 4 x 3.

Após a disputa e vitória alvirrubra, a comemoração também foi para o lado dos pernambucanos. A partir daí o que se viu em campo foi festa de ambos os times e seus dirigentes. Começava o “disse me disse” e a polêmica: quem, de fato, teria garantido o acesso à Série A 1989?”  As rádios do Recife cantavam em verso e prosa que era o Náutico. As de São Paulo inteiro, diziam que era a Ponte Preta. 

No dia seguinte, a CBF emitiu nota confirmando o Clube Náutico Capibaribe como o classificado e com direito a três dias depois, disputar com a Internacional, em Limeira, o título da Série B 1988. Sob intensos, duradouros protestos, e com direito à ida ao Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), nove dias depois a Ponte Preta se viu “chupando dedos”, ao assistir o título do excelente time da Internacional, na vitória sobre o Náutico, por 2 x 1. De quebra e ainda incrédula, assistiu o término da competição e também sua derrota nos tribunais dias adiante.

Fui de mochila de São Paulo para Campinas. Claro, não poderia perder. Aportando na rodoviária de Campinas para assistir a decisão, descobri por um torcedor dono de uma banca de revistas, já revoltado, que a CBF tinha punido a Ponte Preta e a partida havia sido transferida para Mogi Mirim. Irrequieto e alvissareiro como sempre fui, logo ali mesmo comprei uma outra passagem de ônibus, dessa vez para Mogi Mirim, para assistir no caminho, uma avalanche de pontepretanos com destino ao mesmo objetivo, a Série A 1989. 

Fiquei na torcida da Ponte Preta e pulei como um louco no gol de empate. Quase sou pulverizado. Por sorte, estava colado às cabines de rádio, e exatamente em frente ao pessoal da Rádio Clube. Tempos do saudoso Barbosa Filho e outros que não lembro. Acho que o Ralph de Carvalho também estava. 

Ufa! Me resgataram em pânico: “você é doido de berrar e pular no meio dessa torcida da Ponte Preta? Eles são violentos” (imagina, não sabiam o que seria violência 30 anos depois). 

Me colocaram dentro da cabine e lá terminei assistindo os pênaltis, já crente que se o Náutico vencesse seria o classificado. Voltei para São Paulo de carona com o pessoal da rádio e com uma felicidade incontrolável. Naturalmente não dormir naquela noite.

O lendário Náutico e as minhas lembranças. Trinta anos depois, eis que revivi esse momento raro de ser o “vilão vencedor” da vez. 

Depois de empate dramático nos 90 minutos, Náutico conquistou a vaga nos pênatltis. Foto: José Gomes Neto/CTN


VIDA LONGA, CLUBE NÁUTICO CAPIBARIBE!

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

E o Timbu subiu…

Reveja e reviva em imagens o épico dia do acesso do Náutico
Recife, domingo, 8 de setembro de 2019. 
Literalmente o bairro e o Estádio dos Aflitos foram tomados por uma onda vermelha e branca, que parou a Zona Norte da capital pernambucana. 


Não foi apenas uma partida de futebol, mas um evento timbu que ficou marcado na história do Recife. 


Eis o dia do jogo do acesso do NÁUTICO registrado em imagens. Veja como foi o antes, durante e depois da dramática e épica partida que levou o Timbu de volta à principal divisão de acesso do futebol brasileiro. 


SAUDAÇÕES ALVIRRUBRAS! 
#AquiéNáutico #Desde1901 #DNAlvirrubro #NAS #NAT #CTN 


Fotos: José Gomes Neto/CTN


CONFIRA A FESTA ALVIRRUBRA NOS QUATRO CANTOS DO BAIRRO DOS AFLITOS:

 








  




































Nas dependências do Estádio dos Aflitos…














No gramado do Caldeirão Alvirrubro…


























E na Sede do Náutico…











AQUI É NÁUTICO!!!