Depois de 1967 (Taça Brasil) e 1988 (Segunda Divisão) agora o Timbu decide a Série C
Por Newton Pinheiro
Historiador e pesquisador
Após duas classificações históricas, Náutico chega embalado para decidir o título da Série C 2019. Foto: José Gomes Neto/CTN |
Algumas semifinais, Palmeiras... Internacional de Limeira/SP no fim do caminho... e agora o Sampaio Corrêa. Enfim, finalmente gritaremos um título brasileiro?
Costumeiro semifinalista na década de 1960 em cinco edições do Campeonato Brasileiro, ainda nos moldes “Taça Brasil”, o Náutico bem que tentou. Nos nossos tradicionalíssimos 118 anos, nunca um tempo foi tão promissor para que estampatássemos aos quatro cantos do Brasil um título brasileiro.
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A cobiçada taça de campeão brasileiro tem que ir para a nossa sala de troféus. Assim espero! Foto: Lucas Figueiredo/CBF |
Faltava um título brasileiro, porém. Até hoje falta. E oportunidades tivemos aos borbotões. Mas sempre ficamos à moda do “quase lá”.
Em 1961, nas semifinais, parou no Bahia que foi à final contra o poderoso Santos, que eliminara o excelente time do America/RJ, campeão do Rio de Janeiro no ano anterior.
Com uma ausência de três anos, eis que em 1965 o Náutico voltava a figurar numa semifinal de Taça Brasil, hoje reconhecida e unificada como o Campeonato Brasileiro da época, juntamente com Vasco da Gama, Santos e Palmeiras.
As semifinais reuniam Vasco x Náutico de um lado e Palmeiras x Santos do outro. Fomos eliminados da final contra o Santos depois de um 2 x 2 nos Aflitos e derrota de 1 x 0 no Rio de Janeiro, jogo inclusive histórico para o futebol do Nordeste, porque foi o primeiro de uma equipe da Região no imponente Maracanã.
Chegou 1966 e mais uma vez estávamos nas semifinais (Náutico x Santos, Cruzeiro x Fluminense). E o título mais uma vez ficou no meio do caminho. Foi naquele ano que de forma consagradora batemos o Santos com Pelé e cia, no Pacaembu, por 5 x 3.
Na partida anterior os sudestinos haviam vencido por 2 x 0 no Recife. A extra para decidir quem iria à final de 1966, contra o emergente Cruzeiro, também fora no Pacaembu, mas dessa vez o melhor time do Santos não deixou escapar a chance de prosseguir na luta do seu hexacampeonato brasileiro (havia sido campeão entre 1961 a 1965), e meteu categóricos 4 x 1 no excelente time do Náutico.
Já em 1967, o nosso ápice: conseguimos ir à final contra o Palmeiras, depois de eliminarmos, nas quartas de final, o Atlético/MG. Nosso adversário era o então campeão brasileiro de 1966, o esquadrão do Cruzeiro. Os matamos com derrota de 2 x 1 no Mineirão, com um acachapante 3 x 0 no Recife e na extra, um 0 x 0 também no Recife. As finais foram eletrizantes.
Mas não o suficiente para que conseguíssemos enfim, o nosso primeiro título brasileiro. O Palmeiras meteu 3 x 1 na Ilha do Retiro (maior estádio da cidade na época) e, surpreendentemente, viu o Timbu fazer 2 x 1 no Pacaembu, quando todos davam a certeza da taça ser decidida já em São Paulo.
Foram a uma extra, campo neutro, e naquela noite que caía dilúvio, no Maracanã, o time de Ademir da Guia venceu por 2 x 0. Título para os paulistas, Náutico no lucro: de carona, o direito a ir a uma Libertadores da América. Antes, no Nordeste, somente o Bahia havia alcançado tal feito.
Vinte e dois anos depois, em fevereiro de 1989, uma nova chance de ser campeão brasileiro. A decisão da Série B 1988 (2ª Divisão). E mais um paulista no meio do caminho: o badalado time da Internacional, da cidade de Limeira. Perdemos de 2 x 1 e já um ano depois estávamos com mais uma oportunidade de tascar a taça.
Na Copa do Brasil 1990, nas semifinais, enfrentamos o que viria a ser o campeão daquela edição, o fabuloso time do Flamengo. Perdemos de 3 x 0 no Maracanã e empatamos em 2 x 2 nos Aflitos. Mais uma vez o sonho ficara no meio do caminho.
Vieram os quadrangulares decisivos das Séries B 1996 e 1997 e também ficamos chupando dedos. Em ambas as edições terminamos em 3º. lugar.
Em 1998 caímos para a Série C 1999. O que se viu no ano seguinte, foi uma campanha arrepiante, melhor time da primeira e segunda fases, chegou ao quadrangular final com ares de favorito a uma das duas vagas de acesso à Série B 2000, junto com o Fluminense. Mas o que tivemos foi uma pífia e incrédula campanha, terminando em 4o lugar, atrás do campeão Fluminense, São Raimundo/AM e Serra/ES.
Sem haver disputa de partidas eliminatórias, o Náutico esteve perto de ser o primeiro no sistema de pontos corridos, anos depois, em 2006 e 2011. Em 2006, ficou novamente em terceiro, atrás de Atlético/MG (o campeão) e Sport. Era a Série B, um ano depois da “trágica” edição de 2005.
Veio 2011 e, também na Série B, o time do treinador Waldemar Lemos, com uma campanha excelente em casa, não fez o mesmo atuando fora do estado, e viu a disparada Portuguesa ser o único clube à sua frente, campeã com antecipação na edição de 2011. E mais uma vez ficamos com o vice-campeonato.
Veio 2011 e, também na Série B, o time do treinador Waldemar Lemos, com uma campanha excelente em casa, não fez o mesmo atuando fora do estado, e viu a disparada Portuguesa ser o único clube à sua frente, campeã com antecipação na edição de 2011. E mais uma vez ficamos com o vice-campeonato.
Oito anos se passaram e, mais uma vez, estamos próximos de ficar em primeiro lugar numa competição de âmbito nacional, em uma das divisões do Campeonato Brasileiro.
O adversário agora é o Sampaio Corrêa, já detentor de uma Série B (1972), uma Série C (1997) e uma Série D (2012). Este ano já os enfrentamos em três oportunidades, e em todas as ocasiões os vencemos. No Nordestão (2 x 1) e duas vezes por essa mesma Série C, em sua primeira fase (2 x 0 em São Luís e 2 x 1 nos Aflitos).
Queiram os deuses do futebol que desta vez finalmente consigamos nosso primeiro título nacional. E será eterno, pois nossa primeira vez a gente não esquece.
Saudações alvirrubras!