terça-feira, 19 de maio de 2020

Em reunião inédita, Conselho Deliberativo do Náutico aprova homenagem a Raphael Gazzaneo

Setor Vermelho dos Aflitos (arquibancada central) agora terá o seu nome

Setor Vermelho agora será chamado de Setor Rapahael Gazzaneo, em homenagem ao grande abnegado timbu. Foto: José Gomes Neto/CTN



Com informações da assessoria do Conselho Deliberativo do Náutico 


A primeira reunião virtual do Conselho Deliberativo do Náutico aprovou homenagem póstuma ao conselheiro Raphael Gazzaneo. Agora, o Setor Vermelho do Estádio dos Aflitos (arquibancada central), bem como a alameda/praça do estádio terão a designação com o seu nome.


Além disso, o projeto dos Aflitos contempla um passeio público entre o Setor Vermelho (agora chamado de Raphael Gazzaneo) e a Rua Manoel de Carvalho.


Grande colaborador e articulador abnegado das reformas e ampliações do Estádio Eládio de Barros Carvalho ao longo de décadas (1996-2002/2016-2018), Raphael Gazzaneo faleceu em 17 de abril em Maceió, onde foi sepultado.

Raphael foi homenageado. Foto: José Gomes Neto/CTN
REUNIÃO NA INTERNET

Por iniciativa da Mesa Diretora diante da impossibilidade do encontro presencial no período da pandemia, a noite desta segunda-feira (18) foi marcada pelo primeiro evento virtual do Conselho Deliberativo do Clube.


Na ocasião, 72 conselheiros participaram da reunião virtual, que teve pauta única: homenagear o conselheiro Raphael Gazzaneo, que tem uma longa história de serviços prestados ao Náutico.

Segundo o presidente do Conselho, Alexandre Carneiro Gomes, devido a aprovação dos conselheiros, há uma possibilidade de se utilizar o recurso virtual mesmo após o fim do período de isolamento social. 


"Podemos agregar o recurso às reuniões presenciais, de modo a garantir a participação de mais conselheiros. Muito útil para os conselheiros que moram longe do Recife, ou que simplesmente não estão em condição de se deslocar para o Clube para participar presencialmente do encontro", analisa.


E completou: "A participação ativa do maior número de conselheiros é um dos objetivos que temos. Além de democratizar as informações e as decisões, temos o enriquecimento dos debates", conclui.

Participaram ainda da reunião o presidente e vice Executivos do Náutico, Edno Melo e Diógenes Braga, respectivamente.


 

sábado, 16 de maio de 2020

Golaço de falta da intermediária muda história a favor do Náutico

Numa noite inspirada, volante Adilson acerta um pombo-sem-asa e cala a Ilha do Retiro   




Recife, quarta-feira, 16 de maio de 2001. Ilha do Retiro. Doze minutos do 2º tempo. O Clássico dos Clássicos seguia empatado em 1 a 1. O resultado não interessava a nenhuma das equipes. O Náutico havia vencido o jogo da ida, nos Aflitos, por 2 a 0. Mas o desenrolar do 1º turno dependia muito desse jogo.


Com um jogador a menos desde o final da etapa inicial, o Náutico havia aberto o placar logo aos 9 minutos de partida, por intermédio do atacante Thiago Tubarão. Aliás, Thiago sempre deixava a sua marca nos confrontos ante o rival do Timbu. 




Mas, seis minutos depois, o Sport empatava o clássico com gol do também atacante Rodrigo Gral. Um fator poderia ter mudado por completo o panorama daquela decisão, aos 35 minutos do 1º tempo. A expulsão do zagueiro Marcelo Fernandes aconteceu depois de uma entrada dura no volante Leomar. 


O intervalo do Clássico dos Clássicos deixou a expectativa das torcidas em alta. Com chances relevantes dos dois lados, ninguém obteve a tão cobiçada vantagem no placar.


Porém, uma falta na intermediária de ataque do Timbu mudaria por completo a história daquele jogo. Eu diria que do próprio campeonato. O volante Adilson cobrou com uma força e maestria fora do comum. A trajetória da bola do local até as redes do Leão emudeceram a Ilha do Retiro. Para delírio da torcida alvirrubra. Era o gol da importante vitória do Náutico por 2 a 1.





Daquele momento até o final do jogo, o Náutico conseguiu segurar o ímpeto do Sport e garantiu uma vitória que mudaria por completo a história do emblemático Campeonato Pernambucano de 2001.


O arquirrival do Náutico vinha de uma hegemonia de cinco títulos consecutivos e já contava como certo o sexto. Justamente no ano em que o Timbu completaria os 100 anos de fundação.





Mas o desejo ficou na vontade dos rubro-negros, que viram ruir o sonho do Hexa nos seus próprios domínios. E, ainda sob a comemoração dos seus 96 anos de existência, ouviram o irônico “parabéns para você” ecoar das arquibancadas. Da parte alvirrubra, claro.   






ESTREIA DE MURICY RAMALHO


Como se não bastasse a apresentação aguerrida do time do Náutico e a emblemática vitória construída na base da raça e determinação, naquela noite de 16 de maio de 2001, de quebra, ainda houve a estreia do técnico Muricy Ramalho. 




Pé quente, Muricy veio ao Recife para ajudar a escrever a vencedora história do Náutico no ano do seu centenário de fundação. 


Por sinal, o Náutico é o único clube pernambucano que conquistou um título no ano do seu centenário. De fato e de verdade.


Saudações alvirrubras!

Fotos: Reprodução/Globoplay

quinta-feira, 14 de maio de 2020

E o Bonzão estreou com vitória em clássico…

O boneco gigante Timbu ainda marcou a conquista do título do Náutico de campeão do Centenário da República
Pé quente: o Bonzão foi marcado pela originalidade e cultura popular no futebol pernambucano. Foto: Acervo/Facebook/Timbucana
Ainda me lembro como se fosse ontem. Tudo começou em maio de 1989. O Náutico disputou um clássico contra o Santa Cruz, no Arruda, pelo Campeonato Pernambucano daquele ano. Nesse dia, os alvirrubros teriam uma novidade nas arquibancadas: entrava em cena um dos mais folclóricos e arraigados mascotes de torcidas do Clube Náutico Capibaribe: o Bonzão.


A não menos folclórica torcida etilicamente organizada Timbucana (fundada em dezembro de 1983) dava ênfase ao mascote Timbu, marsupial bebedor incondicional de aguardente que representa as cores vermelho e branco do centenário clube recifense. Aliás, o velho Timba traz no nome a condição de representante geográfico pernambucano: o Rio Capibaribe.

Fundada em 8 de dezembro de 1983, a Timbucana marcou época nos Aflitos. Arte: Acervo/Timbucana/Facebook



Testemunhava-se ali o fato de ser a primeira torcida do Estado a ostentar a tradição de ter um boneco gigante com a cara do mascote Timbu – o Bonzão. Os bonecos gigantes são o símbolo maior do Carnaval de Olinda, imortalizados pelo mestre Botelho.


De volta àquela memorável partida, o Náutico ganhou do rival das três cores, e de virada. O primeiro gol do clássico fora marcado pelo ponta esquerda tricolor Rinaldo, numa cobrança de falta aos 27 minutos do primeiro tempo. Na etapa final, o ponta direita Nivaldo igualou e o velho ídolo Bizu fez valer a fama de goleador nato (ou melhor, Náutico!)e virou o placar em favor do Glorioso. Final do Clássico das Emoções: Náutico 2 a 1.

O Bonzão era o xodó da Nação Timbu. Foto: Acervo/Facebook/Timbucana
Eis a estréia do Bonzão. Rodadas mais tarde o Náutico levantava o primeiro título centenário (de fato e de verdade). Naquele campeonato, o nome do troféu oferecido ao campeão era “Centenário da Proclamação da República”. Uma homenagem da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) aos 100 anos de proclamação da República Federativa do Brasil (1889).


A partir da década seguinte, o Náutico chegava às finais do Estadual, mas não conseguia concluir com competência. Em compensação, o time disputava a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro e foi a primeira vez que o Brasil assistia, das arquibancadas, ao comparecimento de um boneco gigante aos estádios de futebol na história do futebol em Pernambuco. O Bonzão despertava curiosidade e gerava elogios dos mais entusiasmados. Inclusive, chegou a ser capa local e nacional de periódicos esportivos daquela época.


Porém, na mesma proporção, o Bonzão era odiado pelos torcedores rivais do Santa Cruz e do Sport, que não engoliam uma iniciativa tão espontânea, inédita e popular, de identidade pernambucana, e que partia de uma torcida tida como elitizada, bem diferente do perfil dos torcedores dos históricos adversários do Náutico.



Mais do que apenas um mascote, o Bonzão é símbolo da cultura popular de Pernambuco. Foto: Acervo/Facebook/Timbucana



Pois bem, como o clube não ia bem das pernas sobrou para o Bonzão a pecha de "azarento" e responsável por tudo de ruim que acontecia ao Náutico. Principalmente dentro de campo. Isso era uma injustiça sem precedentes, afinal de contas, o Bonzão estreou como vencedor!



O PROTESTO POLÍTICO


Outra questão que fez com que alguns torcedores da Timbucana ficassem com as barbas de molho foi um protesto feito contra o presidente (ou seria rei?) da FPF, Carlos Alberto Oliveira, se não me engano no ano de 1994. Na ocasião, o dirigente fora “enterrado” pelos membros da torcida, e o seu “funeral” aconteceu nas sociais do Eládio de Barros Carvalho. A represália fora imediata e o autoritário cartola jogou pesado contra os alvirrubros.


RESURGIMENTO DO BONZÃO


Com o início do novo século, o 21, veio o soerguimento do Clube Náutico Capibaribe. A autoestima dos torcedores alvirrubros foi resgatada a partir da memorável conquista do título de Campeão do Centenário em 2001 (o Estadual de 2001, que inclusive evitou o HEXA do arqui-rival Sport, e o segundo troféu centenário fora conquistado, de fato e de verdade); e o retorno à elite do futebol brasileiro.

E ele ainda existe e resiste: Salve o Bonzão! Foto: José Gomes Neto/CTN
O retorno da Timbucana me faz lembrar que os bons tempos estão de volta aos Aflitos! Não adianta quererem fazer menção de malogro para o Bonzão, como grande parte da imprensa local vive fazendo contra o Náutico! A hora é de resgatar a história pioneira que os torcedores timbus escreveu, e escreve, com muita galhardia e senso crítico.

Pelo contrário. Os anos de pausa para destilar o álcool vermelho e branco do entusiasmo, criatividade e paixão só proporcionaram qualidade ao teor dessa torcida vibrante e inovadora. Por isso quero propor aqui um brinde, com cana de cabeça, é claro, com todo o esplendor que o momento pede:


Saudações alvirrubras e seja bem-vinda à casa Timbucana!!!!!!


Avante, Náutico!

(*) Crônica publicada por mim, José Gomes Neto, em 6 de junho de 2007 no site da Nauticonet.



quarta-feira, 6 de maio de 2020

A nova ordem no futebol

O novo coronavírus impôs uma reavaliação dos conceitos praticados até antes da pandemia



É hora de repensar a maneira de como se fazer futebol no Brasil e em Pernambuco. Foto: José Gomes Neto/CTN




Não adianta tentar desvincular o futebol da realidade sócio-político-econômica. A modalidade não apenas faz parte como é diretamente ligada ao nosso cotidiano. Afinal, não se faz o desporto sem a presença humana. E como diz o bordão: “esporte é vida!”.


Pois bem, dito isso, vamos ao que interessa. O isolamento social é a única e eficaz maneira de evitar a contaminação e proliferação da Covid-19. A ansiedade é intensa e todos estamos querendo retomar as atividades como antes.


Porém, isso não é possível agora (maio de 2020) e também já sabemos o porquê. Se não houver o cuidado e a responsabilidade da parte de todos nós (governo e sociedade civil), de se fazer o procedimento correto, vamos agravar a situação. Se o quadro já se apresenta bastante desolador, imagine se o abismo se expandir ainda mais?

A hora pede foco na luta contra a Covid-19. Foto: José Gomes Neto/CTN
Sinceramente, não é a hora de se pensar em retomar as atividades no futebol. Aliás, de quaisquer outras modalidades também. Essa tentativa de burlar o tempo e a realidade podem custar vidas (muito mais vidas, diga-se). E quanto a isso, não há reembolso que resolva.

Nada justifica o retorno do futebol agora no Brasil. Em Pernambuco, muito menos ainda. A ganância e irresponsabilidade de alguns não pode prevalecer sobre o bem estar e a vida de todos. 


É preciso os clubes locais readequarem as suas realidades. Rever contratos de atletas fora do contexto trabalhista no País. Há muito que isso deveria ser feito. O momento pede essa reflexão e atitude. 


Há uma argumentação, ao meu ver falaciosa, de que o atleta tem “vida curta”, portanto “o seu contrato tem que cobrir isso”. Olha só, me mostra qual a categoria trabalhista que tem a garantia de vida longa e estável. Essa relatividade passou a prevalecer como verdade absoluta, inquestionável. 


Não é bem assim. Vejam como exemplo concreto o fator coronavírus. Quem poderia imaginar uma situação assim? Que fez grande parte do planeta literalmente parar? O imponderável nos surpreende e também pode vir a fazer parte do contexto - mesmo que nós nunca nos demos conta da sua probabilidade.


Enfim, vamos focar no que, por ora, podemos fazer para garantirmos a nossa continuidade por aqui. O resto é detalhe e fica para depois.


A vida em primeiro lugar. 


Se puder, fique em casa!