domingo, 16 de dezembro de 2018

Relembre como foi a trajetória da reforma e ampliação dos Aflitos


O anjo da guarda dos Aflitos - parte 2


O EMBRIÃO


O ano era 1995. Na pauta, reuniões de amigos e confrades alvirrubros, profissionais liberais e empresários em geral, para debater o Náutico. Os encontros periódicos aconteciam, no Clube de Engenharia, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife.


O então presidente executivo do Clube, o saudoso Antônio C. Barros,  Toinho, como era chamado pelos mais próximos, andava abandonado e precisava de apoio.


Foi a partir desse núcleo que o filho do presidente do Náutico, Roberto Lima Barros, cedeu a sala de reunião do Conselho Deliberativo para que o Náutico fosse debatido dentro da própria Sede.



A CÉLULA


No ano seguinte, em 1996, Lula Falbo e Márcio Borba encabeçaram um estudo global sobre o Náutico. Surge o movimento “Unináutico”.


Na condição de diretor de patrimônio do Clube, Márcio Borba encampou projeto de graduandos em Tecnologia da Informação sobre a instituição. “Foi de lá que surgiram as primeiras filosofias de estrutura organizacional do Clube. Da base se tornar fomentadora de futuros atletas e cidadãos; a descentralização do Clube, enfim, um grupo de trabalho e ação”, conta Raphael Gazzaneo.


Aquele iniciativa culminou na candidatura de Márcio Borba à presidência do Timbu para o biênio 1996-1997. Na ocasião, Raphael Gazzaneo foi convidado para o cargo de diretor de patrimônio do Náutico.


É aí que começa a origem de iniciar o grande projeto de reforma e ampliação do Estádio dos Aflitos. “Numa conversa com o benemérito Américo Pereira, no então ‘balança mas não cai’ (atual arquibancada central), ele se mostrou interessado em financiar a tela do alambrado”, lembra Gazzaneo.


Na ocasião, Raphael ressalta que não faltaram críticas contundentes por parte da imprensa esportiva em relação à obra. “‘É um absurdo!’ ‘Esse projeto não vai sair jamais do papel!’ Os comentários à época era disso para pior”, destaca Gazzaneo.


Pois bem, após ser iniciada a obra, o tempo avançou. Veio o mês de abril de 1997, e com ele a renúncia do então presidente Márcio Borba por questões de ordem político-administrativas. Quem assume o Clube é o vice-presidente Roosevelt Menezes.


“Era um mandato tampão. Então, como estratégia para não interromper a obra, mandei arrancar os alambrados da geral (antigo Balança mas não cai, atual arquibancada central), e também de duas vigas que ficam do lado da Rua da Angustura (atual setor Hexa dos Aflitos). Assim, não tinha como parar a obra”, conta Raphael.


Com a continuidade da obra “garantida”, era o momento de pensar no passo seguinte. Seria necessário fazer uma mobilização em prol daquela causa, como colocar urnas nos jogos do Náutico nos Aflitos.


“Para isso, organizamos churrascos, eventos e ações que sensibilizassem a comunidade alvirrubra para obtermos materiais e doações para levantar dinheiro para as obras”, recorda Gazzaneo.


Em 1998, o novo presidente executivo era Josemir Correia, no biênio 1998-1999. Mais uma vez, o Náutico vivia um momento político crítico.


Mas, apesar do quadro não favorável, Gazzaneo lembra que o cenário já era de muita adesão à obra dos Aflitos.


Mesmo com a frustrante frase proferida por Josemir Correia. “Em time que ganha não se mexe. Mas não conte com nenhum centavo a mais para a obra”, anunciou de maneira enfática o então presidente executivo do Timbu.


Como forma de contra atacar aquela dura realidade, Raphael conta que se articulou a Confraria Timbu de Ouro (que completou 20 anos em 2018). “O intuito era o de levar para o Clube pessoas que não participavam do dia a dia da instituição, mas que estavam dispostas a contribuir”, diz.


No final do mês de agosto de 1998, veio a queda do Náutico para a Terceira Divisão pela primeira vez na história do Clube. “Mas o obra continuava a caminhar, mesmo o Clube estando por baixo. Independente dos trágicos resultados em campo, houve um crescimento da rede de colaboradores da obra dos Aflitos”.


Gazzaneo conta que a iniciativa de emergência após a queda foi a convocação de uma reunião aberta, entre vários segmentos do Clube, na Sede, para uma tempestade de ideias. Na ocasião, estiveram presentes mais de 120 pessoas das mais variadas origens profissionais e sociais.


“Recolhemos o material e o enviamos para o grupo de sistematização. Lá, obtivemos um processo de captação e materialização. Garantimos a sustentabilidade política da obra e ainda fomentamos demandas para o Náutico como a interiorização; base; novo estatuto; criação do centro de treinamento; levantar a auto-estima do torcedor; crianças alvirrubras; trabalho de reestruturação do Clube e oxigenação da chapa do Conselho para a futura gestão”.


Veio a eleição seguinte e os executivos Fred Oliveira e André Campos assumiram o Clube para o biênio 2000-2001. Com a reorganização institucional, o diretor de patrimônio passou a ser João Guerra, enquanto Raphael Gazzaneo ficaria com a pasta de diretor de Ampliação dos Aflitos.


DESAGRADÁVEL SURPRESA



“Em 1998, na gestão de Josemir Correia, quando começou a se tirar os degraus das arquibancadas suspensas, verificamos que os pilares estavam com problemas estruturais. Tivemos que descascar e ir até o pé da sapata e constatamos que a antiga estrutura estava necessitada de uma recuperação estrutural”. Daí surge a campanha: “Adote um Pilar”.


“Vale destacar que toda a obra foi executada sem a interrupção dos jogos do Náutico nos Aflitos. O estádio nunca parou de funcionar. A Federação Pernambucana de Futebol, nas pessoas de Carlos Alberto Oliveira e José Joaquim Pinto de Azevedo, bem como a Polícia Militar de Pernambuco e o Corpo de Bombeiros sempre confiaram nas nossas pretensões”.


VIRADA DO SÉCULO 



De volta ao ano 2000, nova renúncia de presidente executivo do Náutico: renuncia Fred Oliveira e assume André Campos. A obra? Seguiu o seu curso normal, garante Raphael Gazzaneo.


“Aliás, a meta seria concluir a obra em 7 de abril de 2001, data alusiva ao centenário de fundação do Náutico. Mas não foi possível… Mesmo assim, fizemos uma festa jamais vista no Recife! Teve o abraço dos torcedores aos Aflitos, bolo de 100 quilos, 100 girândolas de fogos de artifício (cada girândola tem 486 tiros)”.


Assim sendo, novo adiamento. Dessa vez, para 7 de abril de 2002. Eis que surge uma nova campanha: a “Calçada da Fama”.


No mandato do presidente executivo Sérgio Aquino (ano único, 2002), Gazzaneo conta que houve apoio maciço. “Tivemos 100% de apoio para que as taxas de cadeiras cativas fossem utilizadas naquele pique final da obra de recuperação estrutural, reforma e ampliação dos Aflitos”.


Em 2003, a gestão foi do presidente Eduardo Araújo (também único).


Na sequência, foi eleito o presidente Ricardo Valois para o biênio 2004-2005. Raphael Gazzaneo se torna membro da comissão patrimonial do Clube.


Em 2005, Raphael destaca que houve pleno apoio em obras complementares. Após o encerramento do Brasileiro da Série B daquela temporada, as cabines de imprensa foram ampliadas, graças a uma empresa particular que realizou os cálculos e estruturas de Mário Antonino, professor da UFPE e membro do Rotary, e Romilde. Foram colaboradores da obra, realizada por uma empresa privada.


Em 2006 houve a volta por cima no futebol e o Náutico retornava à Primeira Divisão depois de 12 anos.


IDA PARA A ARENA





De 2007 a 2013, Raphael Gazzaneo passa a ser apenas ex-diretor e torcedor do Náutico. Em 2013, participou diretamente da histórica campanha que elevou o Movimento Transparência Alvirrubra (MTA) a obter expressiva vitória da oposição do Clube, pela primeira vez em 112 anos.

“Voltei a conviver mais o dia a dia do Clube. Não participei diretamente da gestão, mas fiz parte da assessoria da presidência”.


Na campanha para sequência da gestão Glauber Vasconcelos, Gazzaneo conta que estava com Bita Tavares e Edno Melo para o biênio 2016-2017, que perdeu por 10 votos para a chapa Marcos Freitas e Ivan Brondi. “Nós defendemos sempre a volta aos Aflitos”. Em compensação, ressalta Gazzaneo, o Conselho Deliberativo conquistou maioria da oposição.  


Em junho de 2013, o Náutico se despediu dos Aflitos e passou a mandar 
seus jogos em São Lourenço da Mata, na então Itaipava Arena Pernambuco.  

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